“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Noites de Celulose



Nas noites de celulose meus olhos de cupim rastejam em fuga
O peso da luz na evidência cega das retinas borbulha em escuridão

A alvorada dos fótons
Tão mais escura do que o nome da cor
Venci a quitina e fecunda na carne crua um inseto

Um coração vermiforme pulsa no peito o altruísmo da colônia
Seus feromônios ardem, suor, amor, ódio, mais do que a si mesmo:

O peito seco na noite de celulose em chamas
A vida na revoada dos cristos
E as aleluias incrédulas do albor adormecem aladas...

A dor das estrelas ilumina o céu
Todos morrem
Porque nada
É tão belo o quanto a vida.

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