Retribuo com a ausência os abraços que me aguardam
A distância vence o fôlego dos que se aproximam.
Quando me acham já não significo nada.
A noite de âmbar envolve minha luz em fóssil
A palavra não tem voz suficiente e diz apenas: Adeus.
É no piscar de cada asa das pálpebras que minha imagem se revela presente
O relance da noite das pálpebras é meu lar.
Esse ninho de piolhos abriga o espírito santo dos meus mitos.
Ato os passos em âncoras de pausa e marco o compasso frenético de uma marcha
O maestro batuta em vão seus arranjos.
Insistem os vitoriosos em me dar as mãos
Eu vou à lona por orgulho
Rendo-me por gentileza e exibo no peito a mira por ofensa à vida.
Sabem de mim
Mas eu nunca saí do meu obituário.
Palpitam sobre meus atos
E eu nunca dei um gesto sequer de vida.
Insistem em me compreender
Então me dêem as mãos e fingiremos ser:
O passeio à beira rio na mera ilusão de margens plácidas
A visão Debret dos terreiros de suor negro da fazenda de Santa Helena.
E quem sabe nossos nomes não se confundam ao se compreender que estou sozinho
Na mais sólida das solidões.
Percebo aplausos!
E ao serem percebidos não passam apenas de passos da platéia indo embora:
Boas vindas aos que já foram e um adeus aos que chegam,
Assim começa o meu espetáculo.
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