“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

sábado, 5 de junho de 2010

BUSCA


Pego o meu Sagarana e saio por ai
Busco nas Gerais o interior de minhas Minas

Meus passos de burrinho pedrês em rumos de toda sorte
Margeio os caminhos d’água no perigoso oficio do São Francisco

Água doce da fúria de 1979 corta o leito do meu vale:

De um lado, sou bom
D’outro sou eu mesmo

E é provável que eu exista na coincidência de que eu: Sou eu.
A hipótese da vida vencendo o fato do calvário

São vales onde eu não me entendo
São ecos onde eu não ressôo

Saio por ai
Meu Sagarana trama o fim deste coração também pedrês

O pé abolindo poeira no chão do Pontal
É a alforria das cores das coisas das opacas terras sesmeiras

...Pego o meu Sagarana.

Apenas a dor do outro reluz em mim.

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