“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

PENUMBRA




A mão sólida a esperar o ato de amizade compor a despedida


Enquanto os vencidos comemoram em gala decadência

O pêndulo badala a pausa dos dias que não virão


As cinzas do nascimento

Sob os pés de alcance imensurável

Repousam no caos


Feridas botocudas expostas à civil renúncia:


A face que não quero me possuindo

A semelhança do monstro me mutilando

A fé dos cúmplices me absolvendo


A ânsia do “deixar de ser” aguarda dos amigos a concessão do ato


Enquanto a graça não atingi o memorial da face

Imagens vencidas continuam a me olhar


As fagulhas que deixei para trás se reunidas

não constituirão o corpo


Sob o sol da ilusão

Rostos atados a aberrações doam compaixão aos desesperados


Parece que a porta dos mitos na tenaz permissão entre o bem e o mal

Envolve em áurea a decisão que me consola


Os amigos de aplauso se fazem em braços de abraço

O segredo da à expressão um único sentido


O amanhã das memórias repousa na hipótese da eternidade

A palavra é meu último suspiro

Um comentário:

monica mosqueira disse...

A palavra é a arma que nos permite falar quando tudo nos leva a silenciar.