“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

1980



1980



AS NOVIDADES ME ENVELHECEM
REMEMORO MEUS CAMINHOS AO OLOR ENRUGADO DOS MEUS PÉS
A NOITE CALA O CÉU DE 1980
ESTRELAS EM VÂ COMUNHÃO TENTAM SER ESTRELAS
NA SINOPSE INÚTIL DOS MEUS ANOS

NAS MÃOS DO ONTEM AS EREÇÕES FALIDAS GOZAM CALOS
TODA BENÇA FECUNDA EM MEUS NETOS A JUVENTUDE DO ADEUS

CABRESTOS JÁ NÃO DOMAM MEUS OLHOS
ATOLO MINHAS RETINAS NOS PANTANOS DA HISTÓRIA
EM CEGAS FERRADURAS
O CORAÇÃO EM TROTE PULSA IMPOTENTE

MEUS ESPERMAS COAGULADOS ALASTRAM MEU SANGUE
A DISCORDIA PARI O ABSURDO

NO GUME FLÁCIDO DOS PONTEIROS O TEMPO CANDONGA EM SUAS HORAS DE SE SABER QUE É FIM


Costa Melo

Nenhum comentário: