“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ponte Nova


Escravos das ruínas de Santa Helena
Botocudos da fé de Cristo
De suor e calo
O café
Na borra das memórias
escravizam meus antepassados em colheitas de aniversário esquecido

O bagaço da cana é caiana é foice e facão
Meu povo retalhado na excomunhão da lavoura sem o doce sem o mel
Somente o meu povo, na excomunhão da lavoura

Arde o peito
Quem é gente sente que é bicho domável de humano

Sou povo despovoado
Meus anos não têm aniversário
Ferrugem desses trilhos das lendas desse Chopotó

Na falência humana dos Senhores do Engenho estão minhas chagas
Não são símbolos de um Cristo morto
Mas sim as esperança da ressurreição de um Povo

No cemitério desse Pontal meus escravos expiam o Piranga
Na grafia de suas margens
Meu povo de pé nu na Terra, numa data que se faz todo dia, para sempre: Hoje.

Costa Melo

Um comentário:

Matheus José Mineiro disse...

Caro,
Fico,maravilhoso,''pramode''de estudo issas são as figuras de estilos que encontrei nesse poema,é essas figuras de estilos caracteriza um Poeta(maiusculo),alem da emoção ,ele concretiza de maneira mais bela os versos.parabens.Mateus Jose

''Botocudos da fé de Cristo
De suor e calo
O café''
''O bagaço da cana é caiana é foice e facão''
''Sou povo despovoado''
''Não são símbolos de um Cristo morto
Mas sim as esperança da ressurreição de um Povo''