“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

terça-feira, 23 de setembro de 2008

AS FARSAS

DEFRONTE AOS CADEADOS
NAS LÁPIDES DO MEU PASSADO
MEU PRESENTE SUSPIRA
FEITO UM CÃO AGONIZANDO NOS TÚMULOS DA COLEIRA

12/09/1980
SEM FORÇAS PARA PERDOAR A VIDA
CHORO AS FARSAS DAS LÁGRIMAS QUE NÃO TENHO

É SEMPRE TARDE QUANDO SOMOS JOVENS
ESSAS PORTAS TRANCADAS DE SOLUÇÃO
ABERTAS DE PROBLEMAS
COM A MAÇANETA PÓSTUMA NA MÃO
SEM FORÇA PARA LHE DAR O ESPERMA DA VIDA
A VIDA
NA PAUSA DE UM RANGIDO FERRUGINOSO SE SILÊNCIA
A VIDA NA MAÇANETA DE UMA MÃO.
OS CÃES AINDA UIVAM
MAS AS COLEIRAS JÁ ESTÃO LIVRES.
Costa Melo
12/09/1980

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