“Em sonhos de lapsos gramaticais, numa fugaz inspiração, tecemos palavras que são apenas noite, mas acreditamos numa pura e bela ilusão, tatear o significado da luz. Portanto, na distância silenciosa de uma palavra para a outra é que adormece a verdadeira poesia. Intocável. O que aqui temos são apenas vultos, uma adestração da palavra escrita; a fala, a voz dessas entidades adormece em algum lugar ao qual chamo de “Absurdo”, e é no tormento desse sono que me mantenho lúcido para que em horas de acaso ligeiro eu possa captar alguns sinais de vida, dessa tão ordinária sensação poética” .

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

AOS QUE MATAMOS


No fim de alguns segundos o tempo se constrói em pedaços de mim
São farelos que se espalham em direções sem leme

No peito as unhas encravadas ferem as decisões
Quem sou eu se sou apenas Deus?

Ter sido o que fui e ser o que sou constitui uma única verdade:
Quanto todos existem só eu existo
Se sou apenas Deus, quem sou?
A fagulha, a miséria, de um corpo entre o sim e o não?


Aos tupinambás, aos caetés, aos botocudos,
Aos que amolam seus facões dentro de mim
Dançam seus rituais em meu peito
Correm em meu sangue que nunca escorrerá pela cruz ou medo.
Peço...
Peço... Que por favor, não nos perdoe!

COSTA MELO
12/09/1980

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